Cooperação climática entre China e Brasil pode contribuir à realização das metas do Acordo de Paris

2024-11-15

Na ocasião da abertura da COP29 nesta segunda-feira, é importante mencionar que, a China e o Brasil, como dois dos principais países em desenvolvimento do mundo, podem desempenhar um papel maior na cooperação climática, visando impulsionar a implementação das metas do Acordo de Paris.

 

O Acordo de Paris, que entrou em vigor em 4 de novembro de 2016, visa manter o aumento da temperatura média global bem abaixo dos 2 °C acima dos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.

 

No entanto, em uma avaliação de emissões de 2023 divulgada recentemente pelo Programa para o Meio Ambiente da ONU, até 2030, as emissões globais de gás de estufa precisam ser reduzidas em pelo menos 28% em relação aos níveis atuais, para que a meta abaixo dos 2 °C do Acordo de Paris possa ser realizada, e em 42% para atingir o objetivo de 1,5 °C.

 

Citando as opiniões de Leo Horn-Phathanothai e Rogerio Studart, em um texto publicado na Dialogue Earth em setembro de 2024, uma parceria climática abrangente entre a China e o Brasil -- englobando investimento, comércio, cooperação técnica e capacitação, com foco em transições econômicas verdes -- pode servir como um poderoso modelo para a cooperação climática Sul-Sul. O que poderia, por sua vez, ajudar a destravar o financiamento climático e impulsionar as negociações internacionais sobre o clima, aumentando as chances globais de se atingir as metas do Acordo de Paris.

 

A China e o Brasil emitiram, em 14 de abril do ano passado, a Declaração Conjunta entre a República Federativa do Brasil e a República Popular da China sobre o Aprofundamento da Parceria Estratégica Global. Mencionando no texto "Tendo em vista que os efeitos da mudança do clima já se fazem sentir de forma inequívoca, Brasil e China decidiram fortalecer sua cooperação na área de proteção ambiental, combate às mudanças do clima e à perda da biodiversidade, promoção do desenvolvimento sustentável e maneiras de agilizar a transição rumo a uma economia de baixo carbono. Nesse sentido, as duas partes decidiram estabelecer, no âmbito da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), uma Subcomissão de Meio Ambiente e Mudança do Clima. O Brasil e a China comprometeram-se a continuar dialogando e coordenando posições sobre temas das mudanças climáticas e ambientais de forma bilateral em instâncias específicas como o BASIC e o BRICS."

 

Este ano marca também o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas sino-brasileiras. A subcomissão do meio ambiente e mudança climática da COSBAN realizou em abril deste ano em Beijing um plenário, onde as duas partes discutiram temas em torno do processo multilateral da mudança climática, a cooperação ambiental e climática China-Brasil, etc.

 

Como importantes economias emergentes globais, a China e o Brasil podem explorar ainda mais a cooperação climática num cenário global sob a estrutura de diversas instituições, como o Novo Banco de Desenvolvimento, a Iniciativa Cinturão e Rota, o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, entre outras.

 

"A China continua fortemente comprometida com suas metas climáticas", elogiou no mês passado Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), à Conferência de Líderes Globais ESG (ambiental, social e de governança) 2024 por meio de um vídeo, observando que as políticas da China, incluindo o esquema de comércio de emissões, facilitaram o alcance dessas metas e, ao mesmo tempo, aumentaram as receitas.

 

Na abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU, o presidente brasileiro Lula destacou ser "hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis".

 

E com esse espírito que o Brasil sediará a COP30, em 2025, convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática, afirmou em outubro Marina Silva, ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudança do Clima na reunião ministerial do GT de Sustentabilidade Ambiental e Climática do G20.

 

XINHUA

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