Embaixador brasileiro elogia laços crescentes com a China

2024-12-13

Observando que a China e o Brasil estão comprometidos em aprofundar seus laços, Marcos Galvão, embaixador do Brasil na China, destacou os fortes laços comerciais e o respeito mútuo que definiram a parceria, pedindo mais investimentos da China.

 

Como este ano marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil, "a visita do presidente Xi Jinping (ao Brasil) foi o ápice das celebrações que foram precedidas pela visita do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin (à China) em junho e pela realização do comitê de alto nível que temos entre os dois países", disse Galvão.

 

"A China e o Brasil são dois países importantes", disse ele num fórum organizado na semana passada pelo Instituto de Estudos Financeiros de Chongyang da Universidade Renmin da China. "Precisamos trabalhar juntos para pressionar por mais reformas na governança global na plataforma do G20, tornando o G20 mais eficaz, inclusivo e equitativo."

 

Um dos principais focos da recém-concluída Cúpula do G20 no Rio de Janeiro foi o combate à pobreza.

 

"A redução da pobreza é algo que ambos os nossos países conseguiram fazer com sucesso", disse Galvão ao China Daily.

 

Ele se referiu aos programas bem-sucedidos de redução da pobreza do Brasil, como a iniciativa Fome Zero, lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seu primeiro mandato, com o objetivo de erradicar a fome e a pobreza extrema.

 

Somente em 2023, 8,7 milhões de pessoas foram retiradas da pobreza no Brasil, enquanto a pobreza extrema caiu de 5,9% para 4,4%, disse o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em um comunicado na quarta-feira (4).

 

A China tirou 800 milhões de pessoas da pobreza nas últimas décadas, alcançando o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para 2030 sobre redução da pobreza antes do previsto.

 

"No entanto, ainda temos um longo caminho a percorrer em termos de fornecer os padrões de vida aos quais nosso povo legitimamente aspira", disse Galvão sobre os dois países.

 

Refletindo sobre seus mais de dois anos como embaixador na China, Galvão compartilhou sua admiração pelo desenvolvimento da China. "Estou impressionado com a diversidade das províncias da China, o dinamismo de suas cidades", disse ele. "O que vi na China é semelhante ao que temos no Brasil."

 

Ele enfatizou a "alta complementaridade" entre as duas economias, que segundo ele, são "altamente relevantes" uma para a outra.

 

A China é o maior parceiro comercial do Brasil, e o Brasil é o nono maior parceiro comercial da China. Em 2023, o comércio bilateral entre China e Brasil atingiu mais de US$180 bilhões, um aumento anual de 6,1%, de acordo com estatísticas alfandegárias chinesas.

 

O estoque de investimento estrangeiro direto chinês no Brasil é de cerca de US$72 bilhões, com a energia respondendo por cerca de três quartos desse investimento, observou Galvão.

 

"Um aspecto visível disso é a chegada de empresas chinesas de veículos elétricos ao Brasil", apontou ele.

 

A fabricante chinesa de veículos elétricos BYD está presente no Brasil há mais de 10 anos e, hoje, o Brasil é o maior mercado da BYD no exterior. Outra montadora chinesa, a GWM, abrirá uma fábrica em Iracemápolis, estado de São Paulo, em maio.

 

Além do setor automotivo, o envolvimento da China na infraestrutura energética do Brasil também está se expandindo.

 

O consumo de eletricidade do Brasil está concentrado nas regiões sul e sudeste, enquanto o norte é rico em recursos hidrelétricos. Isso requer transmissão de eletricidade de longa distância com perda mínima de energia.

 

"Temos áreas com capacidade de geração excedente, e a China tem tecnologia de transmissão de ultra-alta tensão", afirmou Galvão.

 

O projeto de transmissão de fase II de Belo Monte no Brasil — investido, construído e operado pela State Grid Corp of China (SGCC) — é o primeiro projeto no exterior a usar a tecnologia de transmissão de ultra-alta tensão chinesa, que permite a transmissão de energia do norte para áreas de alto uso de eletricidade.

 

Olhando para trás, para 50 anos de laços bilaterais, Galvão disse que o relacionamento é construído com base no respeito mútuo, um resultado tanto da "determinação política quanto dos esforços de ambos os lados".

 

"Neste mundo de nearshoring e friendshoring, no nosso caso, é uma história de trustshoring — confiamos uns nos outros", ele acrescentou.

 

"Queremos que a China desempenhe um papel em nossa reindustrialização, particularmente na transição energética e no desenvolvimento de tecnologia, pois queremos uma indústria mais forte e competitiva com produtos de maior valor agregado", ele disse, pedindo maior investimento de empresas chinesas para aprimorar as capacidades industriais do Brasil.

 

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