V Conferência Internacional de Cooperação Portugal-China, sob o signo da Cooperação Portugal-China, no contexto da UE e do Sul Global, o erguer do Brasil e da África

2024-12-11

A V Conferência foi uma iniciativa da Câmara de Cooperação e Desenvolvimento de Portugal China, do Observatório da China, e da União de Associações de Cooperação e Amizade Portugal-China, com o apoio da Embaixada da China em Portugal, e reforçada pelo Instituto Nacional de Estratégia Global da China e o Centro Cultural e Científico de Macau. O presidente de Portugal saudou a Conferência.

 

“A China, desempenha hoje um papel fundamental na negociação dos conflitos e na contenção da guerra”, afirmou o presidente da União das Associações de Cooperação e Amizade Portugal-China, professor António dos Santos Queirós, sublinhando que se Portugal não se integrar, cada vez mais, nesse polo (sem ter de excluir a UE e outras parcerias internacionais), nos planos cultural, político e económico, nos próximos decénios, a sua diplomacia global tornar-se-á completamente irrelevante. Concluindo: “É a construção do pilar representado pela cooperação multilateral dos Países de Língua Portuguesa com a China que pode restituir a Portugal a sua plena soberania, se a UE se desagregar ou renascer como uma Nova Democracia”.

 

 Em consonância com esta visão, o Major General Agostinho Costa, vice-presidente do Centro de Estudos EuroDefense-Portugal, analisou a situação mundial a partir do confronto entre dois blocos geopolíticos, em ascensão, aquele que a China lidera, que conclama as nações para a criação de uma nova ordem internacional de harmonia e cooperação pacífica e o outrora bloco hegemónico, anglo-americano, que não desiste de resistir pela força à irreversível perda dessa hegemonia.  

 

Alberto Laplaine Guimarães, secretário-geral da Câmara Municipal de Lisboa, fez um veemente apelo à paz como causa comum de toda a humanidade.

 

 O embaixador da China em Portugal, Zhao Bentang, sublinhou, na sua comunicação, a importância da recente resolução da terceira sessão plenária do 20º Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), enfatizando que a modernização chinesa segue o caminho do desenvolvimento pacífico e compartilhado, assente numa política externa de paz, mas também ecologicamente sustentável.

 

O General Pinto Ramalho, presidente da Associação Multissecular de Amizade Portugal-China, antigo chefe do Estado-Maior do Exército, valorizou a longa e cordial relação entre Portugal e a China, e valorizou também o apelo à solidariedade e a busca da manutenção da capacidade de intervenção da ONU, previsto na Agenda para a Paz.

 

A Geografia política da Cooperação PLP-RPChina

 

Destaque para o emergir nesta Conferência de uma nova geração de investigadores e diretores das entidades de cooperação, cuja visão dá um novo impulso à aliança entre os países de língua portuguesa e a China. O leitor conhecer melhor seguindo este link.

 

A pesquisadora do Observatório da China (OC) e diretora da Câmara de Cooperação e Desenvolvimento Portugal-China (CCDPCh), Caroline Cicarello, afirmou que a Iniciativa Cinturão e Rota (ICR) representa a expressão internacional da capacidade chinesa de projeção da oferta e da procura ao nível mais elevado das industriais tradicionais e tecnológicas, como pontuado por Xi Jinping.

 

O consultor da Presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Elias Jabbour, disse: “Existe uma globalização liderada pela China, intimamente ligada com a capacidade da China em exportar bens de uso. Isso impulsiona a multipolaridade. Os BRICS+ não surgem como uma aliança antiocidental, apenas não é uma articulação de países ocidentais no desenvolvimento econômico”.

 

Pedro Anjos, do Observatório da China e da AULP (Associação das Universidades de Língua Portuguesa), disse que o Brasil, maior economia da América do Sul e principal parceiro comercial da China, assume um papel central na dinâmica comercial global. Por sua vez, Timor-Leste reforça a integração da China no sudeste asiático, enquanto Portugal, com o seu acesso ao mercado europeu, é um elo vital para a diplomacia económica da China.

 

O professor Paulo Duarte, da Universidade Lusófona e da Universidade do Minho, com uma intervenção crítica sobre o posicionamento da Europa ao sabor da estratégia definida pelos EUA. Realçou a descarbonização na China, apontando significativos progressos em diversas áreas.  

 

Cristina de Jesus, anterior deputada da Assembleia da República, da CCDPCh e da Universidade Aveiro analisou a China como líder mundial do turismo emissor e da sua transição para o novo paradigma de turismo ambiental. A ecocivilização é como um novo paradigma para o desenvolvimento da China e do mundo, o turismo chinês como indústria da paz e da regeneração dos ecossistemas.

 

A professora Maria Fernanda Ilhéu, presidente da Associação Amigos do Cinturão e Rota (Nova Roda da Seda), evidenciou o crescimento dos investimentos estrangeiros na China, como um fator crucial para estabilizar e dar confiança ao mercado internacional e a importância dos investimentos chineses para o desenvolvimento sustentável dos países do SUL, a economia mundial e a redução da pobreza.

 

O Dr. João Santos Pinto, da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira (CCILB), destacou o papel histórico da Câmara, sublinhando as facilidades oferecidas pela CCILB aos empresários, nomeadamente o apoio logístico, a assessoria comercial e jurídica, com o objetivo de fomentar o fortalecimento das economias do Mercosul e da União Europeia.

 

O Dr. Bernardo Mendia, secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) e presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Hong Kong (PHKCCI), analisou as oportunidades de colaboração entre Portugal, a parte continental da China e Hong Kong, realçando o papel estratégico das câmaras de comércio na dinamização de parcerias econômicas e comerciais.

 

O Sr. Y Ping Chow, presidente da Câmara do Comércio Portugal-China PME (CCPC-PME), salientou a importância de um visa golden tecnológico em Portugal, como forma de atrair investimento para as áreas tecnológicas e de investigação e exaltou os acordos realizados no âmbito do projeto da Grande Área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, no último Fórum Macau.

 

O Sr. Choi Man Hin, presidente da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa sublinhou o impacto do Cinturão e Rota (Nova Roda da Seda) nas relações entre a União Europeia e a República Popular da China, atendendo à evolução das relações entre ambos nos últimos vinte anos, assim como ao interesse em aderir a este megaprojeto dos países que integram os BRICS.

 

O Dr. António Costa Silva, ministro da Economia do XXIII Governo de Portugal, na área energética, referiu a vantagem comparativa de Portugal relativamente à Europa, através dos preços significativamente mais baixos, valorizando a aposta de Portugal nas energias renováveis através de parcerias estratégicas como a EDP.

 

O Dr. Rui Lourido, presidente do OC, historiou as relações de cooperação entre os PLP e a China e as iniciativas do OC, destacando o repositório digital sobre Macau.

 

 A professora Gao Haihong, presidente do Centro de Investigação de Finanças Internacionais, do Instituto Nacional de Estratégia Global (NIGS), da Academia de Ciências Sociais da China, apresentou as propostas da China para a reforma democrática do sistema financeiro internacional.

 

O Dr. Luís Álvaro Campos Ferreira, atual secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e antigo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação do XX Governo, e o Dr. Vitor Ramalho, o seu antecessor, defenderam o desenvolvimento da cooperação a todos os níveis, destacando o papel das autarquias.

 

CGTN / Diário de Pernambuco

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